Talvez eu tenha descoberto a resposta
para tantas aflições, ou melhor, uma justificativa para elas. Tudo me incomoda. Literalmente tudo. As
pessoas me incomodam, a mudança de tempo me incomoda, as ações das pessoas me
incomodam. Tudo. Tudo.
O comodismo me incomoda. Coisas que
aparentemente são óbvias me deixam mais incomodada do que antes, muito mais
incomodada. Qualquer deslize, por mais idiota que seja me deixa incomodada,
raivosa ao extremo, ao ponto de tentar fazer algo mais irritante.
Talvez um senso crítico álter-ego de um
senso isento de cobranças tenha surgido e tomado conta de tudo. Não sei se o
que me surpreende mais é o pseudo-amor que está na moda ou a descartabilidade,
vulgo substituibilidade das pessoas. Não sei de muita coisa mais. Não me
conheço mais. Tampouco conheço os outros.
A vida não tem se tornado nada fácil
com essa irritabilidade constante. Manter relações amigáveis está difícil. Não
sei ao certo o que fazer. Sei que está complicado. Sei o que sinto de mais
concreto, um amor, uma amizade. Já essa raiva é tão instável quanto à bolsa de
valores. É uma raiva, um ódio que surge de repente e da mesma forma se vai.
Sendo assim, manter-me distante tem
sido uma ótima solução. Não sei se é a certa, mas talvez seja a melhor para não
piorar as coisas. Porque, não sei de nada mais além do que eu já sabia antes de
tudo começar a se tornar irritadiço.