terça-feira, 19 de abril de 2011

Sanidade


Estou em casa? Não sei. Não conheço esse lugar, não sei onde estou. Sei que já estive aqui, mas não lembro onde é aqui.  O sono me domina, mas a vontade de permanecer acordada luta com garra. Deitar e dormir pode acabar com meus problemas temporariamente, mas não os findará.  Então pra que dormir? Agora não. Se não achar as respostas ao menos vou me cansar o suficiente para dormir sem pensar em nada.
Creio que ultimamente as coisas têm mudado minuciosamente, não as percebo claramente, só sei que mudam.  São pequenos detalhes, mas que fazem uma boa diferença. A insanidade me persegue arduamente. Estou à beira de um abismo, não tenho onde me firmar para não cair. Solto os braços do único fragmento de sanidade que me resta e caio em um abismo sem fim.
Pensei que a queda seria maior e mais dolorida. Pelo contrario. Foi rápida e indolor. Estranho. Agradável, mas estranho. O baque ao tocar o solo foi mínimo e a dor, essa não houve.  O lugar me parece familiar, mas ao mesmo tempo é novo. As paredes são paredes normais, as portas também. O ar está mais pesado. Sobrecarregado com todas as minhas inseguranças, utopias e desastres e, esse é o único ar que tenho pra respirar. Cruel. Não consigo me purificar, o peso sobre meus ombros só aumenta.
Os segundos passam como se fossem horas. Nada acontece. Nada. O único som é o da minha respiração entrecortada por soluços e espasmos em meu corpo. Droga! Crise miserável que não finda.  Agora as palavras saltam da folha e vêem em minha direção. Eu fujo. Elas me perseguem. Paro e as leio. Dizem assim: “é o seu fim”.
Por incrível que pareça, essas palavras estão quase certas. Só não é o fim porque ainda existe uma força estranha que não me deixa morrer, tal força se chama fé ou talvez vontade. Só quero ir em frente. Não condenar o passado ou prever o futuro. Só quero ir.

Raiane.R.Reinell 

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